domingo, 22 de fevereiro de 2009

Sobre Brasil

Obrigado pelas surpresas. Obrigado pelas más surpresas. Obrigado pelas transformações, e pelas Musas. E obrigado pelos "bons amigos", que fazem questão de acabar com todo o seu apetite por chocolate.

Brasil. O país do Carnaval, do Futebol e da Mulher Pelada. O país da Amazônia, da bunda e da libertinagem. O país hospitaleiro, caloroso, das belas paisagens. O país corrupto, o país sujo e cheio de bandido. O Brasil, meu Brasil.
Não sou nacionalista desgarrado e desgraçado. Não tenho gostos ou desgostos pela terra. Nasci neste chão, mas não me orgulho ou me envergonho dele. Não sofro nem me rejubilo pelo Brasil, meu Brasil.
O Brasil é o tipo de país generalizado. Rotulado. Aquele tipinho fácil e bem conhecido, sabe? Todo mundo de dentro sabe que falam bem e falam mal, os que estão lá fora. Sempre tem história de EUA que nas escolas deles dizem que a Amazônia é deles. Que nenhum estrangeiro jamais viu país tão cheio do clichê "Calor Humano". Blábláblá.
Eis que nossa história é comum. Escravidão, ditadura, luta popular, isso e mais aquilo. Figurinha fácil no Sul do Novo Mundo, essa história. Todo mundo sabe, todo mundo tem, todo mundo viu.
Não é isso que nos faz Brasil. Nem mesmo o famoso "famoso jeitinho brasileiro". Balela. O MacGyver também fazia. Nem a mulher. Oras, balela pura essa de mulher brasileira a melhor do mundo. Se dos 6,6 bilhões de seres humanos, as melhores mulheres se encontrassem entre os 189.985.135 brasileiros, nosso país seria bem mais visitado.
Não, o Brasil não é o país do futuro. Não, não somos os melhores. Não há característica que nos eleve à posição superior aos outros seres humanos.
Meu Brasil brasileiro é comum. É ruim. É bom. É clichê (batalhador, forte, persistente, amigo... Tudo que aparece na propaganda do governo). Meu Brasil é brasileiro até nos ossos, e se orgulha disso quase neonazistamente. Mas de uma forma saudável.
Ah, meu Brasil. Não choro por ti, nem clamo por ti. Mas vivo em ti.

O bêbado com chapéu-coco, fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil, meu Brasil.
E quem sonha com a volta do irmão Henfil,
De tanta gente que partiu num rabo de foguete...
Chora, chora a nossa pátria mãe gentil,

Choram Marias e Clarisses no solo do Brasil...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sobre contos

Obrigado pelas luzes de Natal. Obrigado pelas lições de paciência. Obrigado pelas mudanças pequeninas, substanciais e tão corriqueiras...


Contos são pequenas histórias, normalmente curtas o suficiente para que você não perceba que já chegou ao fim. Contos carregam uma minúscula parte de toda a Escrita, grande e poderosa força que move o mundo e governa os sonhos.
Escrever é o ato de dar forma ao mundo. Mas se os contos são tão curtos, como podem carregar um mundo dentro deles? 
Contos são curtos, então não carregam mundos. Só parte deles, uma ínfima cena dentro de um imenso teatro, usando apenas um descartado pano de fundo, e se apresentando no horário menos nobre. Contos são marginalizados, desprezados, e brilham, jogados nos cantos esquecidos.
Um conto pode flutuar numa conversa, jamais registrado com as cicatrizes das letras. Jamais preso em uma jaula de papel ou pedra. Pode também estar nos livros, entre seus irmãos, ou num canto, num prefácio, num pequeno discurso de aniversário de mil oitocentos e vinte e três.
O que importa é que estão vivos, não tão poderosos como histórias, mas com a mesma nobreza, que quase nunca é percebida, devido a sua pequenez. Mas estão ali, contando-se.

Quem conta um conto...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Sobre Quebra-cabeças

Obrigado pelas pessoas, e pelo perdão. Obrigado pelos programas de TV toscos. Obrigado pelos inúteis objetos que se dizem tão úteis, como é de se esperar...


Quebra-Cabeças são, geralmente, jogos interessantes que visam que você os solucione o mais breve possível. Existem os quebra-cabeças onde milhares de pecinhas são montadas para formarem uma imagem, ou os que são cubos, esferas, triângulos, pirâmides, metal retorcido... Todos querem ser solucionados.
Mistérios são chamados de Quebra-Cabeças, uma expressão formada por duas palavras e que pode se tornar um pesadelo, uma paixão ou um lazer. Em meu caso, as três coisas juntas.
A maior alegria surge quando vemos o mistério do Quebra-Cabeça solucionado, se estendendo diante de nós. "Consegui" você pensa. E imediatamente sente saudades de quando ainda tentava resolver o mistério. 
Nossa vida é um grande mistério, um suspense, um Quebra-Cabeça. Cada solução ou decisão que tomamos é uma pequenina parte resolvida. E quando nosso quebra-cabeça se resolve, nossa vida chega ao fim. O último grande mistério a ser enfrentado é a morte. A última peça para terminarmos nosso quebra-cabeça.
E ao terminá-lo, sentimos saudades de quando estávamos resolvendo-o.

Que saudade de quando encaixava minhas primeiras peças...

sábado, 6 de dezembro de 2008

Sobre Contos de Fadas

Obrigado pelos sites esquisitos. Obrigado pelos filmes, e pelas peças e gambiarras. Obrigado pelas notas, pelas pessoas e, principalmente, pelas pessoas de nomes estranhos.


Contos de Fadas são histórias cujos finais, provalvelmente, são felizes. Mesmo com este nome, muitas vezes as criaturas chamadas Fadas, que são seres mágicos de aparência humana, mas com poderes incríveis, não aparecem.
Muitos pensam que contos de fadas são infantis, que são bobos ou sonhadores demais. Há até a expressão pejorativa "viver num conto de fadas" (que no caso dos apaixonados não é pejorativo). Infezmente vê-se nos contos de fadas somente a história, as pequeninas lições (Não confiar em estranhos, respeitar a todas as pessoas, não mentir...).
O mundo de hoje é um estranho e arrebatador conto. Não há fadas, apenas bruxas e maldições. Não há princesas, apenas plebeus. Não há dragões, apenas medo e derrota. Não há salvadores, apenas desertores. Visto desta forma, como poderia nosso conto real se tornar "de fadas"?
A vida é um conto, o mundo é apenas uma história escrita por linhas tortas com letras ilegíveis e palavras sem sentido algum. Mas este texto é feito de força, de escolhas e de coragem. Não temos dragões e ogros para derrotar. Nossos inimigos são homens, são armas e são eventos. Nossos inimigos mortais são idéias, e não salvamos mais apenas moças indefesas. Salvamos homens, e mulheres, crianças, idosos, desconhecidos e velhos amigos.
A magia que permeia os contos de fada está vivendo no nosso mundo. Está escondida, pedindo esmolas nas ruas, dormindo sob pontes e os encarando com olhos fundos de fome, mas está tão viva e poderosa que quando se vestia de rubros panos e carregava asas translúcidas nas costas.
Como podemos transformar este grande conto num conto de fadas? Com nossas próprias mãos, deixando para trás as soluções mágicas e encarando nossos problemas. Corrigindo e formando uma união de homens, mentes e almas. Só assim nossa verdadeira magia sairá, não de uma varinha com estrelas na ponta, mas de nossos atos e corações.
Não trasformaremos abóboras em carruagens, nem ratos em cocheiros. Não despertaremos centenárias princesas com beijos apaixonados, nem triunfaremos sobre serpentes marinhas. Isso é coisa de amadores.

Nós apenas mudaremos o mundo.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Sobre vermes

Obrigado pelo sono. Obrigado pelos ciumentos e pelas perguntas inoportunas. Obrigado pelas pesquisas e músicas tão belas, pequenos fiapos de esperança...


Vermes são pequeninas criaturas brancas e cegas, que se arrastam pelo chão, sem serem dignas de atenção.
Quando queremos mostrar a inferioridade de alguém, chamamos este alguém de verme. Tanto ódio despreende desta palavra, que até nos esquecemos de seu sentido. Inferioridade. Não ser digno de atenção, de preocupação.
Podemos chamar de vermes tudo o quê não nos é importante? Podem mães chamar seus filhos assim, e filhos comparem suas mães à vermes? Podemos pensar em seres humanos como vermes?
Depois de tanto ver o mundo, talvez podemos. Tantos de nós andam sem sentido por aí, vazios por dentro e por fora, apenas se aproveitando do fim alheio, se alimentando de restos, de pequenas coisas deixadas para trás. Vermes, todos eles. Todos nós.
Será que um dia estaremos livres dos vermes? Há tanta coisa que precisamos nos livrar, que talvez passemos o triplo do dobro do tempo que estamos aqui para limpar todo este mundo.

Ou jamais deixaremos de ser vermes olhando estupidamente para uma luz distante?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sobre água

Obrigado pelos elogios. Obrigado pelas flautas e a música. Obrigado pelas férias, e muito, muito obrigado pelo começo. Só o começo trás a aventura tão necessária...


Água é um líquido. Na verdade, ela também é um gás, e um sólido, mas é mais comunamente reconhecida como um líquido.
A água tem o poder de preencher qualquer recipiente, moldando-se para a situação. Esta é sua verdadeira beleza, a sua capacidade de se tornar outra pra poder caber em seu novo recipiente.
Água é uma palavra de força, de serenidade e tormenta, de poder e tranqüilidade, sendo o líquido mais precioso e menos cuidado da nossa bolinha flutuante chamada Terra. Terra, não água, mas mais cheia de água que de terra. Um clássico, a água que lava, que purifica, que doma. 
Água é como nós devemos ser. Adaptando-nos às situações adversas, lutando e domando. Sabendo quando se tranquilizar e quando se agitar, agindo nas horas certas.

Oh água, senhora da vida. Nos torne semelhante à vós, para que possamos também ser armas adormecidades criadoras de vidas.

sábado, 29 de novembro de 2008

Sobre o quê chamam de música

Obrigado pelas opiniões sinceras. Obrigado pelos gatos de nomes estranhos. Obrigado pelas idas e vindas, e pelo que trazemos destas jornadas. Obrigado pela sinfonia leve que toca e nos toca.


Música, junto com a escrita, a interpretação e os olhos, é a sublime expressão do sentimento humano. Música, doces sons em acordes que navegam pelo ar e aportam na alma. Vibrações na realidade para saciar a sede de alento que os corações precisam. Simplesmente música.
Das belezas deste mundo, a música é a mais representada. Há música vinda da própria vida, há música criada por instrumentos humanos, e pelos próprios humanos. A música do rio, descendo sereno por entre pedras lisas, música que uma guitarra de último tipo produz pelos amplificadores, música tirada de um papel de bala ou dos lábios e dedos. 
Hoje a música se perde, e se confunde. Ao criar Mês de Agosto compreendi que seria atacado por muitas de minhas opiniões. Esta é uma delas. Acredito eu que não, muito do quê chamam de "música", não o são.
Música é o ganho da alma. Comida para o coração. Músia serve para fazer com que nossas mentes viagem, para que nos percamos em divagações, para relaxarmos, para nos excitarmos e nos sentirmos mais jovens, mais velhos, mais sábios, mais tolos, mais homens, mais animais, mais do quê somos. 
Agora há "aquilo que chamam de música", que gosto de me referir como Coisa. Sei que muitos, muitos e muitos amam ouvir Coisa, mas não a credito como música. Não classifico sons repetitivos, adicionados com um linguajar pobre e sujo, não classifico putaria ritmada porcamente como música. 
Talvez aqui você discorde de mim. Mas Mês de Agosto é uma ditadura. Aqui, sou eu, o escritor, que manda. Você opina, você critica, você concorda, mas sou eu quem dita as regras. E aqui está a minha regra: não aceito opiniões do tipo "aff. que merda" ou "cala a boca, Coisa é cultura". Gostaria de receber opiniões estruturadas. 
Música é música. Coisa é Coisa. Não tenho interesse na segunda, apenas na primeira.
Ouçam música, deleitem-se com os mais diversos sons. Músicas serviram de protesto, de revolta, de lamento, de esperança, de felicidade. Não se entreguem à sons tão abomináveis quanto os que compõe Coisa. Não percam na supérfula rebeldia de querer ser uma massa-que-se-diz-personalizada. Perca-se na música verdadeira.

Nos doces acordes que formam a vida.